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EP4 - O papel de ONGs e projetos sociais contra a pobreza menstrual

[trilha sonora ritmada, calma, com batida, aproximadamente cinco segundos. Trilha sonora diminui o volume e continua baixo em todo o áudio, começa a locução]

 

Locução/ Carolina Helena [voz grave e alta/ tom calmo]: A pobreza menstrual pode ser resumida em pela falta de acesso à higiene básica, como absorventes e papel higiênico, o que leva muitas pessoas a utilizar miolo de pão, papel de caderno velho, tecido e jornal para tentar conter o fluxo.  Além da falta de acesso a saneamento básico, que atualmente, no Brasil, atinge 17% das meninas até 19 anos. Uma pesquisa feita pela ONU estima que uma em cada quatro meninas já faltou à escola durante o período menstrual por não ter acesso a absorventes. Três em cada quatro mulheres afirmam que o período menstrual tem um impacto negativo em sua vida e no seu dia a dia. Sem falar que 29% das mulheres revelaram que já passaram por dificuldades financeiras que as impediam de ter acesso a absorventes e produtos de higiene básica. Atualmente quem faz a maior parte da distribuição desses absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade são as ONGs e projetos sociais, como é o exemplo do projeto Mulheres Unidos, no qual Alessandra Freitas participa desde 2015. 

 

Sonora [Alessandra Freitas: voz aguda, alta, lenta]: “Então assim, o projeto começou bem pequenininho, com a intenção mesmo de tentar resgatar as pequenas dignidades, eu falo que eu chamo de o resgate de pequenas dignidades, né? É quando eu chego lá com o kitzinho de higiene e ela vê que tem absorvente para meio mês e têm lá um creme dental, tem um sabonete, às vezes dá pra gente ir colocando outras coisas, depende muito do tempo, e do dinheiro, não é verdade, da colaboração de outras pessoas, e aí a pessoa vê que tá sendo lembrada, reconhecida como mulher” 

 

Locução/ Carolina Helena [voz grave e alta/ tom calmo]: Como jornalista eu tive a oportunidade de, junto com o coletivo Mulheres por mais direitos, distribuir absorventes na porta de escolas estaduais e municipais em São Caetano do Sul no ABC paulista. O estudo da ONU afirma que uma em cada quatro jovens não se sente confortável em nem mesmo falar sobre menstruação, durante a entrega, as meninas muitas vezes tinham vergonha de até mesmo pegar o absorvente, mesmo precisando. Porém a necessidade fala mais alto e até os meninos perguntaram se poderiam levar o pacote de absorvente para a mãe ou irmã, por se tratar de um produto caro. Durante uma conversa com a co-vereadora de São Caetano do Sul, Bruna Biondi, eleita pelo mandato coletivo, Mulheres por mais direitos, enquanto a mesma produzia mais panfletos para ações futuras - por isso é possível ouvir o barulho do papel durante o áudio, pode-se entender melhor a importância dessas ações para a sociedade.  

 

Sonora [Bruna] “A necessidade de uma escola que seja mais democrática e que também seja para todos e isso envolve também esse debate da pobreza menstrual de quem não consegue pagar por absorvente acaba deixando de ir para as escolas por não ter um absorvente, né? Então a receptividade das meninas foi muito boa, mas também dos meninos que tavam lá, estavam ouvindo e concordaram na necessidade de um projeto que garantisse absorvente de maneira gratuita” 

 

Locução/ Carolina Helena [voz grave e alta/ tom calmo]: Além da ajuda social distribuindo os absorventes, o coletivo GirlUp, que é um movimento global que surgiu pela Fundação da ONU em 2010, vem atuando politicamente na luta pela dignidade menstrual para todas as pessoas que menstruam, como explica Natália Fiusa, colider do coletivo Girl Up Somos Plurais

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Sonora [Natália] “Desde abril de 2020 o Girl Up Brasil e a maioria dos clubes do Brasil tem se empenhado na causa da dignidade menstrual, principalmente entrando em contato com os deputados e deputadas, vereadoras e vereadores do Brasil inteiro, de quase todos os estados do país, pra elaborar projetos de leis que ampliem o acesso ou universalizam o acesso aos absorventes de forma gratuita” 

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Locução/ Carolina Helena [voz grave e alta/ tom calmo]: Por enquanto as meninas do Girl Up, junto com deputados do Brasil todo, conseguiram aprovar quatro projetos estaduais e um outro no Distrito Federal, além de tantos outros que foram elaborados junto com vereadores em vários municípios do país. Esse é apenas o começo da luta pela dignidade menstrual, que vem cada vez mais ganhando voz e força.

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[trilha sonora em volume baixo]

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Locução/ Carolina Helena [voz grave e alta/ tom calmo]: Este mini podcast usou dados da pesquisa encomendada pela marca Always para a campanha #MeninaAjudaMenina em parceria com a ONU. O roteiro foi feito por Carolina Helena, a edição por Jéssica Medeiros e Isabela Vasconcelos e a locução por Carolina Helena.

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